IFRS reduziu custo de capital, diz estudo

23/05 – Não foram só os leitores de balanços que se beneficiaram do claro salto de qualidade no nível informações prestadas ao mercado depois da adoção do padrão contábil IFRS no Brasil.
O custo de capital próprio das companhias brasileiras diminuiu em sete pontos-base como decorrência da mudança do padrão usado para elaboração das demonstrações financeiras.

A conclusão consta da tese de doutorado do pesquisador Ricardo Luiz Menezes da Silva, recém-defendida pelo Programa de Pós-Graduação em Controladoria e Contabilidade da FEA-USP. O trabalho contou com a orientação do professor Alexsandro Broedel, ex-diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e atual diretor de controle financeiro do Itaú.
Além dessa conclusão, o estudo confirmou indicações anteriores de que o IFRS aumentou a relevância e a tempestividade da informação contábil, o que significa que os balanços têm uma relação maior com o valor de mercado e as cotações das ações na bolsa.
Não é preciso nenhum cálculo sofisticado para saber que a transição para o padrão contábil IFRS tirou o sono de inúmeros executivos no Brasil nos últimos anos, além de ter custado caro. Agora o estudo mostra que, ao menos, as horas de trabalho também beneficiaram as próprias empresas.
“Muita gente assume que as coisas são verdade, mas eu prefiro testar. E essa é uma evidência empírica de que um efeito contábil afeta a realidade”, afirma Broedel, ao comentar que tanto a teoria como estudos realizados em outros países indicavam que um padrão contábil mais transparente teria como consequência a redução do custo de capital.
O professor reconhece que a queda de sete pontos-base não tem um efeito “revolucionário” para as empresas, mas considera o resultado “importante”. “Sempre que a gente consegue mostrar que algo contábil tem efeito no mundo não contábil, isso é relevante”, afirma Broedel.
Para medir a diferença no custo de capital, o estudo conduzido por Silva usou um banco de dados com informações contábeis e de mercado do período entre 2000 e 2011, considerando os anos de 2010 e 2011 como pós-adoção.
Para cálculo do custo de capital foi usado o método que leva em consideração o crescimento estimado do lucro por ação, conhecido pela sigla em inglês PEG (Price Earnings Growth).
Silva comparou então o comportamento do custo de capital de 30 companhias abertas que adotaram o IFRS completo voluntariamente antes de 2010 e outras 93 (integrantes do IBrX, mas sem sobreposição e excluindo instituições financeiras) que fizeram a migração de padrão apenas naquele ano – como era exigido pela CVM.
“Eu não poderia apenas comparar a variação do custo de capital entre 2009 e 2010 e dizer que o IFRS explicava a diferença”, afirma o pesquisador, ao justificar o uso da metodologia, que seguiu um padrão usado em trabalhos acadêmicos publicados no exterior. A principal base foi um estudo da pesquisadora Siqi Li, feito com empresas europeias, que apontou queda de 48 pontos-base no custo de capital próprio com base em metodologia semelhante.
Na visão de Silva, entre os motivos que podem explicar a diferença de impacto está o fato de a adoção no Brasil ter ocorrido em etapas. “Não fiz nenhum tratamento para considerar a antecipação das normas de 2008 e 2009. Talvez o efeito pudesse ser maior”, afirma o pesquisador.
De acordo com o professor Broedel, o resultado da tese sobre IFRS vai na mesma linha de outro estudo acadêmico que provou que as empresas mais transparentes tem um custo de capital próprio inferior às demais. O trabalho, assinado pelo próprio Broedel e por Roberta Carvalho de Alencar, foi publicado em 2010 pelo The International Journal of Accounting.
Os autores partiram da hipótese de que a baixa associação entre transparência e redução de custo de capital verificada em estudos realizados nos EUA se devia ao ambiente regulatório americano, que já exige, como divulgação mínima, um grande volume de informações.
E consideraram que em ambientes com nível de transparência mínimo menor, como no Brasil, a divulgação adicional de informações poderia ter um impacto relevante no custo de capital.
Os autores construíram, então, com base em uma amostra de 50 empresas mais líquidas da BM&FBovespa, um índice de transparência com base em 47 itens que as empresas divulgaram ou não entre 1998 e 2005.
A conclusão do trabalhou foi de que quanto maior o índice de transparência menor o custo de capital próprio das companhias.
Para as empresas com menor cobertura de analistas de mercado e para aquelas com controle difuso, os resultados foram os mais pronunciados, com reduções de 26 e 27 pontos base no custo de capital, respectivamente.
“Esse discurso de que transparência nem sempre é bom merece atenção”, diz o ex-diretor da CVM, que acredita que a abertura de informações beneficia as empresas especialmente no longo prazo.
Fonte: Valor Econômico / por Fenacon
Escrito por: Fernando Torres
- 23 de maio de 2013
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