Na manhã desta segunda-feira (26), o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) deu início a um intercâmbio técnico com uma delegação de contadores de Moçambique, que permanecerá no Brasil por duas semanas para conhecer de perto a estrutura e o processo de adoção das normas internacionais de contabilidade aplicadas ao setor público (NICSP).
A visita tem como objetivo estreitar laços entre os dois países e promover a troca de experiências sobre a convergência às normas internacionais, tema central para o desenvolvimento da contabilidade pública em Moçambique. A delegação é composta por Abdel Saquina Muhorro Mussagy Talaquichande, gestor do Projeto NICSP em Moçambique, Abrahamo Vasco Quive, analista de processos de negócios, Evangelina Vanusa Francisco Constantino e Acrisio Boaventura Mandlate, ambos técnicos superiores em orçamento e contabilidade pública.
Do lado brasileiro, o encontro foi conduzido pela vice-presidente técnica do CFC, Ana Tércia Lopes Rodrigues, com participação da diretora de Estratégias e Parcerias Globais do CFC, Elys Souza, bem como do coordenador-adjunto da Câmara Técnica, conselheiro Wellington Cruz e da equipe da Coordenadoria Técnica, Ricardo Carvalho, Felipe Bastos e Cintia Pimentel.
Durante a abertura, Ana Tércia destacou a importância do intercâmbio como um momento de aprendizado mútuo. “Temos uma jornada dentro da contabilidade, dentro do sistema dos CRCs, que nos permite compartilhar e colaborar com vocês nos objetivos que vieram buscar aqui no Brasil e junto ao Conselho Federal de Contabilidade. A equipe se colocou à disposição para contribuir. É uma troca. Certamente vocês também têm muitos conhecimentos a compartilhar conosco”, afirmou.
A vice-presidente ressaltou os desafios enfrentados pelo Brasil no processo de convergência às normas internacionais. “Conhecer as normas leva tempo e é um processo de dedicação. A gente começa a perceber o quanto elas são complexas e extensas. Foi uma mudança de paradigma muito grande em relação ao padrão que nós tínhamos antes”, explicou.
Ela destacou que o processo envolve mais do que decisões administrativas: “A transição exige esforço: implementação de sistemas, aprovação de procedimentos e adaptações. É um choque cultural, técnico e até linguístico. Tivemos que assimilar um volume de conteúdos com linguagem diferente, adaptar sem fugir do padrão internacional”.
Ana Tércia também apresentou a estrutura da Câmara Técnica do CFC, o regimento interno e as atribuições da vice-presidência, além de fazer um panorama da contabilidade pública brasileira e dos órgãos envolvidos no processo de normatização.
Representando Moçambique, Abdel Saquina contextualizou a situação do país no processo de adoção das normas. “Ainda não existe um conjunto de normas específicas para contabilidade no Setor Público. Temos um plano básico, mas que está associado a um documento mais amplo sobre a administração financeira
do Estado. Agora estamos trabalhando para separar esse plano e definir normas próprias, mais claras, transparentes e alinhadas com as internacionais”, explicou.
Segundo Abdel, o Brasil foi escolhido como referência por dois motivos principais: o histórico de cooperação técnica entre os países e a receptividade brasileira. “A contabilidade pública de Moçambique foi construída com base na brasileira. Além disso, vocês são receptivos. Estão mais abertos, mais predispostos a ajudar-nos, mais inclinados a dizer: ‘não cometa o erro que eu cometi, vamos juntos’”.
A agenda de atividades da delegação moçambicana inclui reuniões técnicas e visitas institucionais. O intercâmbio é mais um passo para fortalecer a cooperação entre os dois países no desenvolvimento da contabilidade pública.
por CFC
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