Muitos empresários têm a sensação de que a crise da empresa está caindo sobre eles repentinamente, sem aviso, com consequências dramáticas e muitas vezes incontroláveis.
Quando estoura uma crise corporativa, na melhor das hipóteses, os projetos de negócios voltados para o crescimento da empresa desaceleram; mas em certas circunstâncias a crise torna-se imediatamente irreversível e também paralisa as atividades ordinárias.
Muitas vezes a causa é atribuída a eventos externos à gestão empresarial: a crise do mercado, a queda do consumo… um pouco do que vem acontecendo nos últimos dois anos.
Negá-lo seria inútil.
Sem dúvida, os acontecimentos que têm açoitado os vários setores e a maioria das pequenas e médias empresas há algum tempo têm sabor a uma conspiração e estão a pôr à prova o tecido empresarial.
Mas uma crise corporativa quase nunca vem da noite para o dia.
Manifesta-se sempre no final de um processo de declínio, que pode durar mais ou menos tempo e pode ser mais ou menos silencioso.
Um pouco como uma doença, toda crise é precedida de sintomas mais ou menos evidentes, antes de se agravar e levar o paciente para os cuidados intensivos.
Mas como um empresário que não fez faculdade entende isso, entre tantos problemas que já enfrenta todos os dias?
É compreensível que os sinais nem sempre sejam captados a tempo, mesmo antes do desencadeamento de uma crise de mercado ou de eventos externos que possam agravar a situação, principalmente se faltarem ferramentas de controle adequadas.
E, no entanto, existe uma maneira de detectar com antecedência os sinais de uma crise corporativa, e eles podem até ser enfrentados com sucesso para relançar a empresa como ela merece.
Crises corporativas e processos de recuperação
Uma empresa está em crise quando não consegue enfrentar as perdas que a levariam ao colapso económico, a curto e médio prazo, com recursos próprios e com aqueles que os acionistas ou credores estão dispostos a investir.
A crise empresarial inicia-se com uma fase de declínio do ciclo de vida da empresa, momento em que surgem as primeiras ineficiências e desequilíbrios.
O declínio da lucratividade geral ou da qualidade e adequação dos produtos ou serviços oferecidos são alguns dos sinais de declínio.
Antes de estourar a crise, há sempre um período de incubação que caracteriza a fase de declínio, em que ocorrem, entre outras coisas, prejuízos crescentes, queda progressiva do faturamento, aumento dos estoques.
A organização está superdimensionada e há um excesso de capacidade produtiva que pesa na estrutura de custos.
As vendas estão cada vez mais “arriscadas” e a dificuldade de cobrança dos recebíveis é crescente.
Empresa em crise, os sinais
Mas, tentando dar alguns passos para trás na história financeira de sua empresa, os primeiros sinais de uma crise iminente já poderiam ter sido captados pelas dificuldades em cumprir os prazos fiscais.
Olhando mais de perto, mesmo a piora das condições de acesso ao crédito bancário era um sinal forte e claro.
No entanto, esses sinais nem sempre são ignorados.
Muitas vezes, diante dessas dificuldades iniciais, a solução que o empresário leva em consideração é a busca por nova liquidez para evitar a crise da empresa.
Percebo que, quando confrontado com a escassez de dinheiro, seu instinto de sobrevivência o leva a procurar ajuda fora da empresa.
Candidata-se a novos financiamentos, buscar dinheiro de investidores, buscar a muleta das contribuições do Estado.
Na verdade, nenhuma dessas soluções pode reverter o rumo que a empresa já tomou.
Os bancos nem pensam em financiar uma empresa em crise, simplesmente porque não estão disponíveis para financiar empresas se não tiverem a certeza de conseguir reembolsar o crédito.
Os investidores não colocam dinheiro para restaurar a empresa, eles investem se acreditam que podem ter um retorno maior do que as alternativas disponíveis para eles
O estado já demonstrou que toma medidas inadequadas para lidar com os problemas de liquidez que as empresas enfrentam.
Neste período, mais do que nunca, você está sozinho, de costas para a parede, contra um sistema que está desmoronando diante de acontecimentos extraordinariamente graves, que não deixam esperança de um final feliz, nem de uma resolução rápida.
O que fazer quando há uma crise financeira
Antes de mais nada, é preciso ter noção da realidade, quando a empresa está passando por um momento de crise financeira, mesmo que temporária.
Em muitos casos, o volume de negócios está estagnado ou ligeiramente em declínio em relação aos níveis pré-pandêmicos, levando a mais e mais dívidas.
Endividam-se pedindo nova liquidez aos bancos, mas não só.
Talvez deixem de fazer alguns pagamentos a fornecedores ou adiem ou, novamente, adiem os prazos fiscais.
Todo esse dinheiro terá que ser pago ou devolvido em algum momento.
E é aí que a bomba explode.
Por isso é fundamental intervir prontamente nas causas que estão gerando a crise de liquidez e evitar o risco de uma crise corporativa mais grave.
Se o empresário não intervir, a empresa acumula dívidas, a dívida torna-se cada vez mais insustentável e a empresa chega à insolvência, ou seja, ao estado em que é impossível cumprir as obrigações da empresa.
A crise empresarial é um pouco como a espiral de um redemoinho, que suga as empresas em dificuldade e as empurra para o fundo do poço numa velocidade cada vez maior.
De fato, é preciso saber que a fase inicial de incubação é quase sempre seguida de um amadurecimento da crise da empresa, na qual os recursos financeiros começam a ser afetados.
O caixa e os ativos são significativamente reduzidos e o nível de endividamento aumenta, sem que haja razões estruturais para que isso aconteça.
Se essa descida aos círculos do inferno das crises corporativas não for interrompida a tempo, ocorre uma crise total, na qual os desequilíbrios financeiros repercutem na confiança.
Os bancos retiram o apoio, os fornecedores reduzem os prazos de pagamento e os funcionários começam a sair da empresa.
Os últimos estágios da crise são caracterizados pela insolvência, que pode ser reversível, quando ainda há margem de manobra suficiente para reverter o curso e trazer a empresa de volta à tona, ou irreversível, quando a instabilidade já é manifesta e a empresa sofre uma intervenção.
Você arrisca a consequência extrema quando, por exemplo, usa empréstimos para cobrir dívidas anteriores ou financiar investimentos importantes com linhas de crédito de curto prazo.
Gestão de crises corporativas, como fazer?
A verdadeira chave para sair ileso de uma crise empresarial, ainda que provocada por acontecimentos externos ligados ao mercado, reside inteiramente na capacidade de a gerir de forma lúcida, racional e sobretudo com base em conhecimentos fiáveis e atualizados em formação.
A diferença está toda no objetivo final e na propriedade da gestão.
Os processos de falência são administrados por um técnico nomeado pelo tribunal que os executa com o objetivo de proteger os interesses dos credores, e não a continuidade dos negócios.
Este último geralmente é mais bem protegido caso se opte por uma solução de caráter privado, principalmente se forem adotadas soluções de gerenciamento de parada.
Nesta última circunstância, antes de prosseguir, é necessário primeiro entender a natureza da crise que afetou as finanças da empresa e o estado de deterioração alcançado.
As causas, de fato, podem dizer respeito tanto à estratégia de gestão corporativa quanto à produtividade.
A partir de uma análise mais aprofundada, pode-se reconhecer e distinguir, por exemplo, ritmos de produção mais lentos a custos iguais ou superiores, que reduzem economias de escala e reduzem ao máximo as margens de lucro, em caso de crise estratégica.
Na hipótese de crise de produtividade, por outro lado, observam-se custos bem superiores ao faturamento, com redução significativa de margens que obriga o empresário a cortar despesas relacionadas a pesquisa e desenvolvimento ao invés de promoção e vendas, pular os pagamentos a fornecedores, bancos, fisco, agravando as relações com os credores e acelerando a crise.
O que fazer?
De um modo geral, existem algumas maneiras que podem ser perseguidas para conter o início de uma crise.
10 coisas que você pode fazer para reduzir os efeitos da crise
Existem, no entanto, outras ações que você pode tomar para reduzir os efeitos da crise.
1. Aumente as receitas organizando pacotes de produtos ou serviços que ajudem a rotacionar o armazém mais rapidamente ou expandindo os canais de vendas.
2. Acelere a cobrança de crédito adotando políticas de descontos específicas para seus clientes.
3. Programar a redução das despesas correntes, seguindo a lógica da sua funcionalidade face à geração de faturação.
4. Atuar na gestão do ciclo de caixa, antecipando cobranças e diferindo pagamentos com ações específicas de renegociação das condições já acordadas com seus credores.
5. Gire seu armazém mais rapidamente mantendo um estoque atualizado, uma lista de clientes para os quais você pode fazer ofertas e agendamento de lançamentos.
6. Intervir nas relações com os fornecedores, apresentando-lhes as súbitas dificuldades financeiras que atravessa e encontrando um ponto de encontro onde todos possam estar de acordo.
7. Crie uma alternativa para evitar que o banco bloqueie suas contas à ordem, abrindo uma que esteja livre de linhas de crédito e linhas de crédito abertas.
8. Reduza o custo financeiro do pessoal trabalhando em planos de férias não utilizados para seus funcionários ou aproveitando as redes de segurança social.
9. Adie os investimentos de longo prazo, preferindo os de retorno de curto prazo, vinculados à aquisição de novos clientes ou à melhoria da eficiência do negócio.
10. Aproveite o aconselhamento profissional, para ter certeza de obter resultados verdadeiramente eficazes, sem desperdiçar mais recursos e perder um tempo precioso do seu trabalho.
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