A 3ª Edição do Conexão Contábil Nacional está terminando em grande estilo com um tema que traz reflexões e desafios na era da Inteligência Artificial (IA). O evento, que é promovido pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), em parceria com o Conselho Regional de Contabilidade do Tocantins (CRCTO) apresentou, nesta quarta-feira (6), o painel “Futuro da Profissão Contábil”. O vice-presidente de Gestão Estratégica e Governança do CFC, Joaquim Bezerra Filho, foi o mediador das palestras do PhD em gestão estratégica e professor, Luís Guedes, e do especialista em IA, consultor e perito, Luiz Nóbrega. 

Ao apresentar as narrativas, Joaquim Bezerra saudou os participantes e agradeceu aos mais de 7 mil internautas que acompanharam ativamente o Conexão Contábil Nacional pela internet. “Estamos promovendo um evento que consagra a contabilidade brasileira e temos agora um assunto que traz um período de grandes transformações digitais e a tecnologia. É uma evolução tão silenciosa que nos obriga a debater a mudança do perfil dos profissionais do ramo. Todos precisam trazer essa capacidade analítica, a visão estratégica e a fluência digital. Assumiremos, cada vez mais, a condição de cientistas de dados e precisamos garantir a confiabilidade da informação, unindo automação e a ética”, analisou Bezerra.  

Na fala inicial do professor Luiz Nóbrega, ele revela que 26 milhões de postos de trabalho no planeta serão perdidos até 2027, segundo uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial, que está ligada às áreas administrativas e de registro. “A pergunta inicial que faço a todos é a seguinte: vocês querem fazer parte dessas estatísticas? A ideia aqui hoje realmente é trazer algumas reflexões e soluções de como navegar nesse universo da IA. Já ouvi muitas pessoas definirem a IA como uma ‘modinha’ ou o ‘hype da vez’, mas não é só isso. Já tivemos vários impactos que afetaram o mundo de uma maneira geral e a contabilidade, especificamente. Profissionais não serão substituídos por IA, mas por quem souber usá-la melhor do que você”, alertou Nóbrega. 

Em seguida, o consultor e perito comprovou que a inteligência artificial melhora em 90% a precisão fiscal e a redução dos riscos. “Empresas que implementaram a IA tiveram aumento de até 30% na eficiência de suas operações. Outras 95% atividades contábeis têm potencial de serem automatizadas. Além do mais, a automação de processos fiscais reduz em até 50% os custos de cada operação”, explicou Nóbrega.  

Mudança de paradigmas

Para o PhD em gestão estratégica, Luís Guedes, a IA representa hoje o que a eletricidade representou há 100 anos. “Se alguém te perguntar daqui uns anos o que é possível realizar com a IA, será a mesma coisa que alguém perguntar hoje o que é possível fazer com a eletricidade. Vejam que essa última pergunta não faz nenhum sentido, pois a eletricidade está em tudo. Uma tecnologia de propósito geral, do tamanho da IA, demanda uma nova ética das relações”, definiu Guedes. Qual é a segunda pior coisa que pode acontecer com uma empresa? Com essa pergunta, Luís Guedes propôs a seguinte reflexão:  

“A primeira é quebrar e todos nós sabemos disso. A segunda pior coisa que pode acontecer é se tornar irrelevante. Uma empresa serve para servir e se uma empresa não serve, ela deixa de existir. O capitalismo não suporta ineficiência. É assim que as coisas funcionam e não há alternativas para os profissionais de contabilidade, a não ser, buscar eficiência. A mudança de paradigmas envolve valores, normas, expectativas, cultura e comportamentos. Percebam que uma empresa moderna não é mais operada somente por humanos. Literacia digital é a nova disciplina básica e aquisição de competência em IA se torna obrigatória. Esse é um esporte de grupo”, finalizou Guedes. Ao fim das palestras os participantes puderam expor suas dúvidas e considerações a respeito do tema.

por CFC