Aplicação da indústria 4.0 e BIM na construção civil no centro de debate, na Fiesp

Senai-SP, ABNT, Poli USP e Abramat estiveram presentes para debater a aplicação das novas tecnologias e a transformação digital que terá impacto no setor de construção civil
Indústria 4.0 e o desenvolvimento do BIM (Modelagem da Informação da Construção) na construção civil integraram a pauta de recente reunião do Conselho Superior da Indústria da Construção (Consic) da Fiesp, na quinta-feira (5/9). Com a palavra inicial, José Carlos de Oliveira Lima, presidente do Consic, lembrou que haverá exigência do BIM em obras governamentais e emendou sobre o problema de obras paradas, que será tema do ConstruBusiness deste ano – Congresso Brasileiro de Construção promovido pelo Departamento da Construção e Mineração (Deconcic) da Federação das Indústrias.
“Temos um problema sério. Muitas delas [obras] foram abandonadas, com problemas de projeto, de custos. O Brasil é hoje um grande canteiro de obras paradas. Temos 13 milhões de pessoas precisando de emprego. Uma das ações para reverter esse cenário seria a reativação dessas obras. Temos que tratar também sobre a indústria 4.0, uma nova tecnologia, nova cultura. A indústria da construção hoje é totalmente artesanal, mas precisa se transformar em linha de montagem. O canteiro de obras precisa ser linha de montagem”, disse.
Dando continuidade ao tema da indústria 4.0, Ricardo Terra, diretor regional do Senai-SP, contou aos presentes que a automação no Senai-SP se iniciou na década de 1980, na unidade de São Caetano do Sul. A fim de acompanhar a evolução da tecnologia, recentemente foi instalada nessa escola uma planta de manufatura em parceria com grandes empresas e startups. “O objetivo dessa ação era entender o conceito da indústria 4.0 e a partir daí desdobrá-lo para as áreas de atuação do Sebrae. Uma delas está na educação, com cursos livres, tecnólogos, graduação e na prestação de serviços para empresas. Mas o desafio que se discute agora é como levar o processo de digitalização para pequenas e médias empresas”, observou Terra.
Para preencher essa lacuna, o Senai-SP montou o programa Indústria Paulista Mais Competitiva – ação que busca atender empresas de menor porte. “No processo de digitalização, a primeira medida é fazer a revisão dos processos. Em mais de 400 empresas nas quais empreendemos essa metodologia, os ganhos de produtividade foram superiores a 40%, sem despesa de capital, apenas revendo processos produtivos. Além disso, estamos trabalhando também com eficiência energética, como implemento de novas soluções. Já o terceiro estágio está em fazer o sensoriamento dos principais pontos de produção da empresa, sendo possível acessar esses dados por um smartphone. Esses são os caminhos que o Senai-SP tem trilhado na indústria 4.0”, completou.
Quanto ao BIM (Modelagem da Informação da Construção), também presente nos cursos técnicos do Senai-SP, Terra aponta que há problema dessa ferramenta tecnológica no Brasil: “Um dos gargalos está nas normas, que precisam ganhar celeridade. Outro ponto está no capital humano. As empresas de software avançaram nos treinamentos, mas há poucas pessoas trabalhando na base conceitual da tecnologia. O Senai atua no oferecimento de cursos em diferentes frentes, desde Educação Básica até Pós-Graduação para que todos os níveis possam entender o conceito do BIM. Percebemos também que tínhamos que atuar em soluções para empresas de materiais de construção civil, com geração de bibliotecas. Temos um grupo no Senai que ajuda as empresas a gerar essas bibliotecas”.
A Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) também discutiu a aplicação da indústria 4.0 em seu setor de atuação. Rodrigo Navarro, presidente da entidade, contou que, em 2018, havia mais de 350 startups atuando em construção civil e no mercado imobiliário. “Da porta para dentro, todas as fábricas estão se modernizando, utilizando inteligência artificial, mecanização, mecatrônica, uma série de ferramentas para se modernizar e ganhar competitividade. Mas a construção industrializada precisa de um impulso para decolar, capaz de construir com mais rapidez e menos sujeira. Mas para isso é preciso um ambiente regulatório propício e gestão industrializada”, avaliou.
Rogério da Silva Moreira, supervisor de projetos e tecnologia do Senai-SP, também presente ao Consic, lembrou que a unidade do Tatuapé é focada na construção civil e que indústria 4.0 significa conectividade. Para ele, o desafio está em organizar processos. “Só depois os dados serão digitalizá-los e por fim colocados em nuvem”.
Na sua vez, Mário Willian Esper, presidente eleito do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), contou que a agenda da indústria 4.0 começou na ABNT em agosto de 2018. “A normalização brasileira está contribuindo para a transformação digital. E as normas terão prazo para serem implementadas. Temos que apoiar todas as políticas públicas voltadas à indústria 4.0. Além disso, estamos trazendo parcerias internacionais voltadas a esse tema”, afirmou Esper.
Para Fabiano Rogério Corrêa, professor do departamento de engenharia de construção civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), o BIM é essencial para a introdução de outras tecnologias para a indústria 4.0. O especialista, que está no Canadá acompanhando a aplicação dessa tecnologia por lá e que participou da reunião remotamente, afirmou que ainda não ‘escutou falar’ da necessidade de introdução de sensoriamento em canteiros de obras e nem no chão de fábrica para que se comece a usar os modelos BIM em dados da construção: “no Brasil, não temos uma base de dados nacional que reflita a produção de nossas empresas. Não conseguimos introduzir tecnologia de inteligência artificial se não temos uma base de dados. E essa base de dados só vem quando temos sensores colocados”.
Os sensores são essenciais para a indústria 4.0, de acordo com Corrêa: “ter uma representação digital no processo de fabricação pode ajudar a pensar em produtos diferenciados. Posso ter uma ponte instrumentalizada por sensores que me permite fazer uma análise de como ela realmente se comporta”, exemplificou, destacando que precisa ser retomado o vínculo da empresa com a universidade, no Brasil.
Por fim, Orestes Marraccini Gonçalves, professor titular do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da USP, argumentou que é preciso enfocar na proximidade entre os elos da cadeia de suprimento da construção, nas dimensões tecnológica, organizacional, geográfica e cognitiva a fim de que haja uma indústria 4.0 organizada. “Minha proposta é estabelecer um framework para trabalhar essas proximidades nos diversos elos da cadeia de suprimentos”, disse. O professor ainda enfatiza que “o BIM é um exercício de integração para todos nós da cadeia produtiva”. A Escola Politécnica da USP, segundo ele, trabalha com esse tema há mais de dez anos.
Por Agência Indusnet Fiesp

- 10 de setembro de 2019
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