Competição e eficiência são fatores importantes para a determinação do spread bancário. A conclusão é do artigo disponível em inglês Concorrência Bancária, Custo de Crédito e Atividade Econômica: evidências do Brasil, divulgado na sexta-feira (25) na Série de Trabalhos para Discussão do Banco Central. O estudo, que utilizou dados do Sistema de Informações de Crédito (SCR) e toda a expertise em análise de dados do BC, insere-se na dimensão Competitividade da Agenda BC#.
“É difícil distinguir concentração e competição bancária, pois são duas figuras entrelaçadas. Fala-se muito em efeito da concentração bancária no custo de crédito. Mas temos muitos mercados em que o setor bancário é concentrado e as taxas de juros são baixas, como acontece na Holanda. Esse trabalho é importante porque dá um passo adiante na forma de mensurar a questão da competição bancária. Analisamos o impacto das fusões e aquisições não apenas no spread, mas também em outras variáveis de interesse, como o volume de crédito”, explicou Bernardus Ferdinandus Van Doornik, chefe-adjunto no Departamento de Estudos e Pesquisas do BC e coautor da pesquisa.
Durante três anos, ele e o economista Gustavo Joaquim, que é candidato a Ph.D. no Massachusetts Institute of Technology, analisaram os efeitos de nove atos de concentração nacionais no setor bancário brasileiro ocorridos entre 2005 e 2015. A conclusão é que, nos municípios onde havia agências dos bancos envolvidos, e, portanto, onde houve uma diminuição da competição, foi verificada uma redução entre 7% e 21% no volume de crédito para empresas e entre 2,6 e 7 pontos percentuais de aumento no spread.
De acordo com Doornik, “esse é um efeito médio, mas há muita heterogeneidade nos resultados, dependendo das características dos municípios, em especial, no número de bancos antes dos eventos de fusão e aquisição”. Segundo ele, em localidades onde havia seis ou mais instituições bancárias, eventuais fusões e aquisições não aumentaram os juros.
Já em municípios onde havia agências de apenas um dos bancos envolvidos, e, portanto, não houve alteração da competição, o spread até mesmo diminui. “Isso sugere que pode haver ganho de eficiência no movimento, dependendo das especificidades”, afirmou.
Os pesquisadores ainda lançaram mão de um exercício contrafactual onde se assumiu que cinco bancos iguais detêm 100% do mercado. Ao mesmo tempo que a situação representaria um aumento de concentração nacionalmente, a competição aumentaria localmente e, nesse cenário, mostra-se que haveria uma queda no spread e um aumento nos volumes de crédito.
Por Banco Central do Brasil
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