No Dia Internacional da Mulher, celebrado hoje, 8 de março, o Portal ContNews entrevistou profissionais de destaque na área para verificar como elas estão transformando a atividade.
Apesar dos desafios e desigualdades que ainda persistem, cada vez mais as mulheres ganham destaque e vêm conquistando novos espaços no mercado de trabalho. Hoje, o Brasil é o sétimo país com o maior número de mulheres à frente dos negócios, de acordo com levantamento da GEM (Global Entrepreneurship Monitor 2020/2021): dos 52 milhões de empreendedores brasileiros, 30 milhões são liderados por mulheres.
Historicamente marcada por homens, a área contábil tem mudado o seu perfil nos últimos anos com a presença gradual das mulheres: hoje elas já ocupam 43% do total.
Dessa forma, para celebrar e propor uma reflexão neste Dia Internacional da Mulher, o Portal ContNews entrevistou algumas mulheres de destaque na área contábil para verificar como elas vêm transformando o segmento e trazendo novos adjetivos para uma área que também vem sendo marcada por grandes mudanças.
Representatividade e igualdade
As mulheres vêm conquistando gradualmente representatividade na contabilidade. Para a contadora Mônica Porto, parceira da Omie, é gratificante ver o crescente espaço conquistado por elas na contabilidade e em muitas outras profissões que antes eram dominadas pelos homens. “A contabilidade, assim como outras áreas, não deve ser limitada por gênero e é importante que todas as pessoas tenham a oportunidade de seguir suas paixões e habilidades, independentemente de sua identidade de gênero”. Para ela, as mulheres têm feito grandes progressos na profissão contábil nas últimas décadas e isso se deve em grande parte ao seu próprio esforço e dedicação, bem como ao apoio crescente da sociedade e das empresas em reconhecer e promover a igualdade de gênero no ambiente de trabalho.
Na mesma linha, a contadora do Grupo Solutta, Najlla Nasser Osman, 24 anos e formada em Ciências Contábeis há dois anos, conta como se deu o seu start na contabilidade e fala sobre papel feminino crescente nessa importante área dos negócios. “Eu trabalho com contabilidade há pouco mais de três anos e desde a faculdade notei que a presença feminina era marcante. Era apenas questão de tempo ver as mulheres igualando os homens em termos de representatividade. Inclusive, devo dizer que quando entrei no Grupo Solutta tive a surpresa de ver o alto número de mulheres na área, muitas delas líderes, então me senti muito bem acolhida”, diz.
O crescimento das mulheres nas universidades e nos cursos de graduação de Ciências Contábeis também é um movimento positivo para a diretora Financeira e sócia da SCI Sistemas Contábeis, Elizabeth Krummenacher Marçal. “Sou professora, e isso é nítido na sala de aula, onde a maioria das turmas, é composta por mulheres! E isso já vem acontecendo há um bom tempo. Tive uma turma na graduação exclusivamente feminina, só haviam mulheres matriculadas, foi bem interessante aquele semestre”. Na sua visão, vê-se mulheres cada vez mais empoderadas, em diversas outras atividades, muitas mulheres à frente dos escritórios, como proprietárias ou na gestão da contabilidade. “Vejo isso de forma muito positiva e natural, somos tão profissionais quanto os profissionais masculinos”, ressalta.
Para a contadora Gleide Selma Santos, vice-presidente da Região Nordeste da Fenacon, as atividades econômicas vêm sofrendo grandes mudanças com o protagonismo feminino e a inserção cada vez maior de mulheres em cargos relevantes, o que mostra que a capacidade técnica e intelectual é inerente ao ser humano independente do seu sexo. “A contabilidade mostra que as mulheres já conquistaram quase metade de um mercado que era essencialmente ocupado por homens, não poderia ser diferente, pois intelectualmente não existe um sexo frágil, existem sim, mulheres com raciocínio lógico, maior capacidade de concentração, alto grau de comprometimento, agilidade na conclusão das tarefas e fazemos tudo isso sem perder a feminilidade e o prazer de ser mulher”.
Já a contadora Cleide Rodrigues Barreto Matheus, vice-presidente da Fenacon e representante da Região Norte, também destaca os avanços, mas ressalta que ainda há um caminho a percorrer, especialmente nas entidades. “Vejo com muito otimismo o crescimento do número de mulheres no mercado de trabalho da contabilidade e nas universidades, isso nos leva a crer que no futuro elas também ocuparão um maior espaço também nas entidades de classe, onde ainda são minoria”.
E embora a contabilidade tenha atravessado gerações sob a perspectiva tradicional de que os homens estavam sempre à frente, o recorte mais recente dos últimos anos tem deixado essa máxima no passado e animado as mulheres que buscam seu espaço profissional. “O mercado contábil seguirá em constante crescimento, ainda mais levando em consideração as áreas correlacionadas ao nosso trabalho, como financeiro e legalização. Dessa forma, imagino que a presença feminina ganhará mais destaque, não só em termos de inclusão como também de decisão”, argumenta Najila.
Agregando novas qualidades
Os adjetivos marcantes das mulheres vêm dando novos ares à atividade contábil. Empatia, acolhimento, boa comunicação, habilidade multitarefa, perspectivas plurais, capacidade de lidar com situações delicadas foram apontadas pelas nossas entrevistadas como algumas delas.
Para Mônica Porto, as mulheres trazem uma perspectiva única para a profissão contábil, com habilidades e experiências que são valiosas para o sucesso no campo. “Por exemplo, as mulheres, muitas vezes, têm habilidades interpessoais e de comunicação excepcionais, o que pode ser uma vantagem na gestão de relacionamentos com clientes e colegas de trabalho. Eu espero que, à medida que a sociedade continue a progredir em direção à igualdade de gênero, mais mulheres sejam incentivadas a entrar e se destacar na profissão contábil e em outras áreas tradicionalmente dominadas pelos homens”.
Segundo Najila, a habilidade das mulheres em lidar com situações delicadas é uma grande vantagem. “Muitas vezes precisamos conversar com clientes e parceiros com um olhar mais analítico nas situações difíceis, e nós mulheres temos a sensibilidade adequada e o carinho necessário para lidar com esse cenário”, comenta.
Elizabeth Marçal também destaca que não há diferenças na contabilidade falando em termos técnicos, de conhecimento, mas há talvez no cuidado e no tratamento com os colaboradores e clientes. “A mulher geralmente é mais acolhedora, ouve com mais atenção e carinho aquele pedido do cliente, é mais organizada que muitos homens, e é tão eficiente quanto. Isso não significa que não tenham homens organizados e acolhedores, claro. Mas, o olhar feminino para o todo, acho que é mais acolhedor e sensato”.
Por fim, Cleíde Barreto aponta a faceta múltipla das mulheres como fator de sucesso na área. “Outro fator que favorece a mulher na área contábil é ser uma profissão que requer muitas habilidades: administrar as finanças da empresa, gerir os funcionários, lidar com os clientes, tudo isso, sem deixar de se manter atualizada com a legislação e tudo mais que lhe é exigido no dia a dia. Sendo assim, só temos a dar os parabéns a todas a mulheres e desejar que elas voem cada vez mais alto!”
Dia Internacional da Mulher
Oficialmente a data foi criada pelas Organizações das Nações Unidas (ONU) em 1977, contudo, o 8 de março já era utilizado por movimentos femininos como uma data para celebrar a luta pelos direitos das mulheres desde o início do século 20. A data faz alusão a um acontecimento de 1857, quando operárias morreram carbonizadas em um incêndio em uma fábrica têxtil na cidade de Nova York, que teria sido intencional para reprimir as manifestações delas.
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