Pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revela que o segmento de empresas sem empregados cresceu 8,7% em 2020, em comparação a 2019. Ou seja, das 2,8 milhões de empresas formais nessa categoria e contabilizadas no primeiro ano da pandemia, 227,3 mil não existiam em 2019. Esses números não incluem os MEI (microempreendedores individuais), observa o gerente da pesquisa, Thiego Ferreira.
“Diante do desemprego, muitas pessoas resolveram abrir o próprio negócio. É o caso de pessoas que trabalhavam em restaurante, foram demitidas e começaram a vender comida em casa. Se a empresa que foi aberta tem CNPJ, declara o eSocial e não for MEI, ela entra nessa conta”, esclarece o pesquisador.
As categorias de empresas não empregadoras que mais cresceram foram de Eletricidade e Gás (29,1%), Saúde Humana e Serviços Sociais (14,2%), Atividades Profissionais, Científicas e Técnicas (12,7%) e Atividades Financeiras, de Seguros e Serviços Relacionados (12,2%).
Ainda de acordo com o instituto, o crescimento total de companhias em 2020 foi de 3,7%, considerando todas as faixas de empresas com empregados e excluindo os MEI. Com isso, o ano de 2020 se encerrou com 5,4 milhões de empresas formais. Estes e outros dados estão na pesquisa Estatísticas do Cadastro Central de Empresas – 2020 (Cempre 2020).
Puxando o crescimento
O que chama atenção na pesquisa é que a faixa de empresas sem empregados foi a única que registrou crescimento, contribuindo assim para o aumento geral de empresas formais. Nas 4 faixas de empresas com funcionários, o resultado foi negativo.
Entre as empresas com 1 a 9 funcionários, a queda foi de 0,4%, enquanto a maior retração foi registrada na categoria de 10 a 49 empregados: 5,3%. As empresas com 50 a 249 empregados encolheram 2,3% e aquelas com 250 funcionários ou mais tiveram queda de 1%.
O motivo é a pandemia, que provocou a retração de atividades e gerou uma “bola de neve” negativa na economia, justifica Ferreira. “A necessidade de lockdown (isolamento) causou a diminuição no deslocamento das pessoas e fez com que muitas empresas fechassem as portas naquele período. Se a empresa não vende produtos, não gera receita e acaba por demitir os funcionários. É uma bola de neve.”
Perda de empregos formais
O efeito negativo foi sentido no mercado de trabalho, que perdeu 825,3 mil postos de trabalho formais e fechou o ano com queda de 1,8% em relação a 2019. Em 2020, o total de trabalhadores formais na economia somava 45,4 milhões de trabalhadores.
Os setores que mais sofreram perda de empregos foram Alojamento e Alimentação (373,2 mil vagas fechadas), Administração Pública, Defesa e Seguridade Social (233,9 mil) e Comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas (221,7 mil). Em contrapartida, o maior aumento de vagas foi em Saúde Humana e Serviços Sociais (139,3 mil assalariados).
A maior queda percentual de assalariados foi em Alojamento e alimentação (-19,4%), retração recorde dessa atividade na série histórica do CEMPRE. Em seguida está Artes, cultura, esporte e recreação (-16,4%), outra queda recorde.